domingo, 15 de dezembro de 2013

Pós História - 1ª resenha

RESENHA

SILVA,Tomaz Tadeu da. In: Identidade e Diferença: A Perspectiva dos
Estudos Culturais, 2ª Ed.,Vozes, Petrópolis, 2003.

Alexandre JorgeLotti
http://teobrasilis.blogspot.com

Neste texto o autor faz uma explanação do que chamamos de identidade
e diferenças, ele discorre sobre a nossa visão das diferenças para criarmos
uma identidade e assim fazermos uma separação entre nós e os outros,
partindo das nossas prerrogativas de sermos “iguais” e os outros “diferentes”.
O autor levanta indagações essenciais sobre o que a sociedade defende
com identidade e sobre o que ela lastreia sua história existencial. Ele aborda as
teorias curriculares de uma forma sutil estimulado a intervenção e adoção de
mudanças que incentive a indagação e a possibilidade de perturbarem e
transgredirem o que se chama de normalidade das identidades existentes, ele
nos leva a repensar os nossos conceitos de “eu sou” e a nossa visão sobre a
realidade sócio cultural de como vemos os “outros”.
Antes, porém ele retrata e desenvolve uma perspectiva nova sobre o
que temos como realidade de identidade como concebeu a idéia e como
formamos nossa identidade. “... identidade e diferença estão em uma relação
de estreita dependência. A forma afirmativa como expressamos a identidade
tende a esconder essa relação... Em um mundo imaginário totalmente
homogêneo, no qual todas as pessoas partilhassem a mesma identidade, as
afirmações de identidade não fariam sentido.” (pág 74-75)
As afirmações sobre a diferença só fazem sentido se compreendidas em
sua relação com as afirmações sobre a identidade, ele ainda afirma que “...
identidade e diferença partilham uma importante característica: elas são o
resultado de atos de criação lingüística... A identidade e a diferença têm que
ser ativamente produzidas”. Elas não são criaturas de um mundo natural ou de
um mundo transcendental, mas do mundo cultural e social. Somos nós que as
fabricamos, no contexto de relações culturais e sociais. A identidade e a
diferença são criações sociais e culturais. ( pág. 76).
No desenvolvimento de suas idéias ele nos deixa bem claro que tanto a
identidade, como a diferença são resultados de atos de criação lingüísticas, ou
seja, que elas são criadas por meio da linguagem. Elas também não podem ser
compreendidas fora dos seus sistemas de significação, pois não são “seres da
natureza”, mas da cultura carregada de simbolismos e estereótipos que as
constituem e legitimam.
A disputa pela identidade envolve segundo Tomaz, uma disputa mais
ampla por outros recursos simbólicos e materiais da sociedade na qual está
inserida. “A afirmação da identidade e a enunciação da diferença traduzem o
desejo dos diferentes grupos sociais assimetricamente situados, de garantir o
acesso privilegiado aos bens sociais. A identidade e a diferença estão, pois, em
estreita conexão com a relação de poder.” (pág. 82)
A fixação da identidade implica sempre em operações de incluir e de
excluir, afirmar uma identidade significa um limite, uma demarcação de
fronteiras, fazer distinções, separar os “diferentes”, ou seja, a identidade está
sempre ligada a uma maciça de separação de “nós e eles”.
Ao analisar as identidades nacionais, as de gênero, as de sexo, raça e
etc. O autor nos fala o seguinte: “No caso das identidades nacionais, é
extremamente comum, Por exemplo, o apelo a mitos fundadores... é
necessário criar laços imaginários que permitam ligar pessoas que, sem eles,
seriam simplesmente indivíduos isolados. Sem nenhum sentimento de terem
qualquer coisa em comum.” (pág. 85).
Ele nos relata que estes mitos são simplesmente um artifício para unir
em torno de algo as pessoas, não importando se são verdadeiros ou não,
muitos dos mitos fundadores são mitos literais, nunca existiram e nunca podem
ser provados, mas conseguem agrupar determinadas pessoas entorno de uma
identidade. Sempre priorizando seus anseios, seus desejos em detrimento dos
outros. Geralmente o mito nos remete a um momento crucial do passado em
que um fato, um gesto, um acontecimento, geralmente heróico inaugurou as
bases de uma suposta identidade nacional.
Finalmente nos relata que a identidade é instável, fragmentada,
inconsistente e inacabada.
O relato de maior importância do texto nos faz rever nossos valores e
nossa didática educacional e como educador, nos estimula a incentivar nossos
alunos a pensarem de outra forma, a desenvolver a perspectiva de transgredir,
de perturbar, de subverter e de anarquizar a identidade existente, de modo a
desestruturá-las e evidenciar o caráter artificial e nojento no qual elas foram
criadas e se desenvolveram. Afinal os mitos nasceram para serem expostos e
contraditos. E o mais importante é saber que o “outro” só é outro quando eu me
considero diferente dele, pois o outro nada mais é que o eu visto por outra
ótica. O outro deve ser o que eu sou, ou seja, diferente de mim, como eu sou
diferente dele.

soli Deo gloria

terça-feira, 14 de maio de 2013

Orar pelos meus inimigos?


Será possível?

Será possível que um “crente” consiga fazer tamanho sacrifício?

Será possível que um salvo possa fazer tamanha “façanha”?

Em um meio de “seletos escolhidos” isto será possível?

Em um “gueto de santos e puros” isto é uma realidade?

Infelizmente a resposta da maioria das perguntas é um redondo NÃO. Pois os ditos “decididos” (aqueles que um dia fizeram sua decisão ) não são capazes de perdoar, quanto mais de orar pelos que os perseguem.

Os “decididos” ao contrário, oram para que os seus “inimigos” sejam destruídos caiam em desgraça e assim possam quem sabe fazer uma decisão por jesuis. E assim engrossar as fileira dos “crentes decididos” ou seria de fariseus não assumidos. Eles aprenderam desde muito cedo a desejar o mal daqueles que segundo eles estão em pecado, daqueles que são “diferentes”, daqueles que não pertencem ao gueto, daqueles que não dizem paz ou qualquer outro jargão evangélico.

Os caras dizem em púlpito e em público que os “crentes” devem orar para que os “ímpios” se quebrem para que os donos de buteco caiam em desgraça e fechem as portas. E se a oração funcionar e o pobre dono de buteco não vendo solução dê um tiro na cabeça e vá para o outro lado. O “crente” ficará realizado com sua “oração poderosa”?

Será que na bíblia destes “ungidões” especiais não tem um versículo simples?

“ Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que estais no céus;” (Mt. 5:44)

A condição é simples se você quer ser filho do Pai que está nos céus, pare de adorar o pai que está no inferno e nunca mais deseje o mal a quem quer que seja.
Pare de se fazer de melhor, pois o sol nasce sobre todos e a chuva igualmente cai em todos.
Os “ungidões” não são melhores que os outro só por que um dia fizeram uma pseudo conversão e uma confissão pública diabólica que aceitavam Jesus como seu Senhor e salvador.

É triste mas isto é ensinado a novos convertidos em aulas de escola bíblica, os novos convertidos, que são criança na fé já nascem sabendo como praguejar e desejar a desgraça dos “diferentes” dos “ímpios”, nestas aulas já assumem uma iniciação diabólica de desejar o mal aos não convertidos aos idólatras, aos feiticeiros aos homossexuais, ao adivinhadores, já que todos estes vão para o inferno, por que não apressar o futuro deles?

Somente os “santões dos guetos” que foram purificados pelo sangue de jesuis, é que vão para o céu, os outros ficarão na tribulação e acabarão no inferno.
Fica o recado que vai separar o joio do trigo são os anjos  e não os “ungidões” e nos últimos dias.


Nele, que preferiu a companhia de ladrões e prostitutas a dos religiosos.
Alexandre Lotti
Maio 2013

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Sua Igreja Possui Políticas e Práticas de Proteção Contra Falhas Pastorais?


      Todos nós já ouvimos falar de pastores que caíram em adultério, escândalo, etc. Contudo sempre achamos que isso jamais irá acontecer em nossa igreja. Mas acontece. No texto abaixo, Thabiti Anyabwile nos leva a refletir sobre o assunto. Sua igreja possui políticas e práticas de proteção contra falhas pastorais?
Enquanto trabalhava em um capítulo de um livro a ser lançado, tive a bênção de pesquisar as falhas morais de diversos pastores proeminentes. Eu digo “bênção” porque foi esclarecedor observar algumas dinâmicas comuns e falhas nos escândalos. Na maioria dos casos, homens que deveriam ter sido desqualificados estavam de volta a seus púlpitos ou estabelecendo novos ministérios em poucos meses. Na maioria dos casos, igrejas foram seriamente feridas pelas transgressões e machucadas depois pelos inadequados esforços de reparação. Em todos os casos, o pastor ofensor recebeu mais atenção e suporte do que as vítimas de seu abuso ou enganação. Foi um exercício chorável.
Os efeitos são devastadores. Dois pesquisadores da Universidade Baylor resumiram os efeitos sociais e psicológicos da má conduta sexual clerical nas congregações. Os estudos:
sugerem que os resultados nos ofendidos incluem culpa; vergonha; perda de comunhão e amigos se forçado a mudar-se seja para escapar do julgamento da comunidade ou de um ofensor furioso que foi descoberto ou reportado; crise espiritual e perda de fé; crise familiar e divórcio; angústia psicológica, incluindo depressão e transtorno pós-traumático; enfermidade psicológica; e tentativas de suicídio com ou sem sucesso. [1]
Toda essa carnificina começa com um processo que os pesquisadores chamam de “aliciamento”.
Aliciamento inclui expressões de admiração e preocupação, gestos de afeição e toques, falar sobre um projeto em comum, e compartilhar informações pessoais (Carnes, 1997; veja também Garland, 2006). O aliciamento pode ser gradual e sutil, dessensibilizando o membro para um comportamento cada vez mais inapropriado, enquanto a recompensa pela tolerância a tal comportamento. Os ofensores podem usar linguagem religiosa para estruturar o relacionamento, como “Você é resposta às minhas orações; Eu pedi a Deus por alguém com quem eu pudesse compartilhar meus mais profundos pensamentos, orações e necessidades, e ele me enviou você” (Liberty, 2001, p. 85). O aliciamento é essencialmente a sedução em um relacionamento no qual um líder religioso possui poder espiritual sobre o membro. [2]
O estudo de Garland e Argueta concentrou-se primariamente em identificar as condições que permitem a má conduta sexual clerical. A partir de suas entrevistas a vítimas adultas do abuso clerical, eles encontraram cinco fatores que contribuem para o comportamento. Em seus próprios rótulos e descrições de início de parágrafo:
1. Falta de Reação Pessoal ou Comunitária a Situações que “Normalmente” Exigem Ação
A maioria (n=23) dos ofendidos disseram que se sentiram incertos do que estava acontecendo em seus relacionamentos com seus líderes religiosos. Cônjuges, amigos e outros líderes congregacionais também estavam incertos sobre o significado do que observaram, então não fizeram nada. Sua confiança em seu líder era maior do que a confiança em suas próprias percepções da situação. De fato, ela alterou a maneira pela qual eles interpretaram o que estavam experimentando.
2. Cultura da Gentileza
A cultura americana espera que as pessoas sejam “gentis” com os outros, mais particularmente com quem nós temos relacionamentos de cuidado. Por “gentis”, queremos dizer omitir ou ignorar o comportamento de outros que sabemos ser socialmente inapropriado ao invés de apontar o comportamento e arriscar envergonhá-los, irritá-los ou magoá-los. Os ofendidos que entrevistamos estavam vivendo através desta norma cultural, mesmo em face do comportamento flagrantemente inapropriado dos ofensores. Em outras palavras, eles não estavam simplesmente normalizando o comportamento dos ofensores e questionando suas próprias percepções; eles reconheceram que o comportamento era sexual e, portanto, inapropriado, e ainda assim não objetaram.
3. Falta de Responsabilidade
Nosso mundo aumentou cada vez mais a comunicação e a consequente habilidade de evitar a omissão ou a responsabilidade de outros. Ao invés de cartas em uma caixa de correios familiar, onde qualquer um na família pode ver que um membro recebeu uma comunicação e de quem recebeu, as cartas chegam a contas de e-mail particulares, fora da vista de todos aqueles que não sabem a senha. Ao invés de telefones sendo localizados em espaço público, como a parede da cozinha, eles agora estão em uma bolsa, ou um cinto, e podem ser usados em qualquer lugar. Tal comunicação permite uma forma de ligação e aprofundamento de relacionamento, removido da observação dos outros. Muitos dos entrevistados falaram de longas e frequentes conversas por telefone ou e-mail com os ofensores.
4. Sobreposição ou Múltiplos Papeis
Dos 46 membros ofendidos que entrevistamos, mais da metade (n=24) estavam em um relacionamento de aconselhamento formal com o líder religioso. Mais 16 reportaram que estavam se encontrando sozinhos regularmente com seu líder religioso para “direção espiritual”. Descreveram direção espiritual como uma reunião particular entre o líder e o membro na qual o membro compartilhava lutas e preocupações pessoais e o líder fornecia orientação sobre o uso das práticas espirituais como oração e meditação para lidar com tais lutas e preocupações. A característica comum desses dois grupos, juntos representando 87% da amostragem, é que o líder os estava encontrando sozinho regularmente para fornecer serviços pessoais. Em alguns casos, as interações diferiam do relacionamento de aconselhamento profissional de outros profissionais de assistência, no qual a direção do convite era reversa. Ao invés do membro pedir por ajuda, o líder religioso se voluntariava para fornecer aconselhamento ao membro.
5. Confiança no Santuário
Espera-se que a congregação e seus líderes sejam seguros, um “santuário”, onde as vulnerabilidades serão protegidas. Os membros esperam serem capazes de confessar pensamentos e lutas pessoais a seus líderes religiosos sem medo de que tais confissões possam ser usadas para manipulá-los. Líderes deveriam ser fontes seguras de orientação e perdão. Entrevistados recordaram que uma das maneiras pelas quais o ofensor ganhou a proximidade que levou à atividade sexual era usar o conhecimento adquirido a partir de suas confissões como uma maneira de violar o que seria a habilidade deles de se protegerem. Uma expectativa de proximidade emocional é assumida após compartilhar questões profundamente pessoais. A proximidade é aprofundada quando o outro sabe de aspectos da vida de alguém que poucos sabem — um segredo compartilhado. Tal proximidade emocional deu ao ofensor poder adicional como o guardador dos segredos do ofendido.
Membros confiam que seus líderes protegerão suas famílias; esses líderes são aqueles que realizam casamentos e espera-se que estejam presentes e sejam apoiadores das famílias da congregação em tempos de crise. Ao invés disso, tais ofensores frequentemente denegriam os cônjuges das mulheres, colocando um contra o outro através de coisas que eles sabiam ser vulneráveis no casamento. Após a morte de seu filho, por definição uma crise conjugal, o pastor de Paula disse a ela que seu marido nunca seria capaz de satisfazer suas necessidades. Delores lembra a tensão entre seu marido, que tinha um papel de liderança na igreja, e o pastor, quando o pastor começou um relacionamento com ela.
A experiência, as histórias da mídia, e as pesquisas, todas advertem do dano que causa a má conduta clerical. Contudo, a maioria das congregações continuam sem políticas e práticas para protegerem a si mesmas da queda de seus líderes. É claro, nenhuma igreja pode estar completamente protegida, e não queremos produzir uma atmosfera de suspeita e falta de confiança imerecidas. Mas um pouco de premeditação e planejamento poderia ser a gota de prevenção que previne a necessidade de um litro de cura. As descobertas de Garland e Argueta sugerem algumas medidas de proteção que podem servir ao pastor e ao povo.
Em sua conclusão, o artigo de Eric Reed de 2006, “Restaurando Pastores Caídos”*, fornece pelo menos algumas questões preliminares para incentivar as congregações. Se as equipes de liderança pensam através destas questões, elas pelo menos desenvolveriam os esqueleto de uma reação para as falhas morais dos líderes.
1.    Quais ofensas exigem afastamento do ministério?
2.    A exposição à pornografia é uma ofensa tão séria quanto um caso extraconjugal de fato?
3.    Quanto tempo o pastor deve ficar fora do ministério?
4.    Quais são as exigências para o aconselhamento e quem o supervisionará?
5.    Haverá qualquer suporte financeiro para o pastor e a família?
6.    A esposa do pastor será incluída no aconselhamento e nas reuniões com os oficiais da denominação ou oficiais de restauração?
7.    Após o processo de restauração, como o pastor encontrará uma nova posição, se considerado qualificado?
8.    E o que será dito à nova congregação sobre sua indiscrição e o período de remoção do ministério?
Seu pessoal, sua equipe de liderança, seus presbíteros e sua congregação possuem um conjunto de práticas e políticas que ajudam a se resguardar contra a falha moral de líderes e de abordá-la quando acontece? Após peneirar um bom número recentes artigos e escândalos, estou convencido de que preciso levar os líderes de minha igreja a discussões e propostas sobre esta questão. Os custos são altos demais para se negligenciar.
Oremos por proteção, sabedoria e santificação tanto dos líderes das igrejas quanto seus membros. Intercedamos contra os artifícios do maligno. E estejamos preparados para reagir em casos de escândalo com amor e justiça como definido pela escritura. Novamente: muito está em jogo.
Por Thabiti Anyabwile, Copyright © 2012. Copyright © 2013 The Gospel Coalition, Inc. Original:Does Your Church Have Policies and Practices to Protect Against Pastoral Failures?
Tradução: Alan Cristie. Editora Fiel © Todos os direitos reservados. Original: Sua Igreja Possui Políticas e Práticas de Proteção Contra Falhas Pastorais?
Fonte Ed Fiel: http://www.blogfiel.com.br/2013/02/sua-igreja-possui-politicas-e-praticas-de-protecao-contra-falhas-pastorais.html